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               (ao som de Mozart)

 

 

vem por dentro uma vontade:

uma força indirimível, de entre a angústia e a voragem...

 

cobre-nos tal qual a absoluta ausência de luz,

tal qual o brilho mais

intenso

e mordaz, que nos

engolisse.

 

que nos engolisse.

 

como que crescesse um deus, gigante,

titã, com a cabeça ao pé

das nuvens, olhando do alto para o mundo, — para os homens,

e para as crianças e à natureza,

 

e a tudo que realmente reluz colorido,

absoluto,

verdadeiro:

 

diamante transparente, bola de cristal

que, do centro iluminada

para toda a eternidade, deixa transparecer o futuro

e o passado,

a história e a profecia,

 

poesia,

 

o ato da mão sobre o papel,

o ato da cabeça sob o céu azul, entre o cosmos,

o caso dos olhos iluminados, que vislumbram minuciosamente as partículas distantes, a estrutura e o sonho dos planetas e das constelações,

os casos de bruxaria,

o caso do coração,

da visagem do coração, estourando de sinceridade,

observando,

nadando,

bailando como a uma melodia de Mozart

pelo salão de gente apressada

e calma parada

nas praças e nas esquinas,

e nas vielas mais escondidas,

e na escuridão da noite

quando há e quando não há lua,

 

quando há estrelas, deitada na relva perscrutando o tempo,

com a graça das paisagens mentais,

dos sentidos aguçados,

de sermos homens em vez de jamais existirmos!

 

(um grande sonho!

uma tomada de poder!

uma explosão.)

 

como que sim, como que não

uma imersão imatura e doida entre as madeixas negras e compridas do pai,

 

ao acalanto da terra (enérgica),

passiva,

ao sol,

eternamente a dourar!

e a vibrar!

 

o escrever

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